C. N.
Sem deixar de lado as ressalvas feitas em O movimento monarquista brasileiro, convido-vos a todos a constatar por este vídeo que, ante um mundo apóstata, neopagão e preparador do advento do Anticristo, é um dever do católico apoiar o movimento monarquista liderado por Dom Bertrand. Ouvi-lo é como voltar a um tempo pré-revolucionário em que as nações se deixavam reger de algum modo, perfeito ou imperfeito, pelo Evangelho. Quantas conversões podem dar-se com o movimento monarquista e, ainda mais, com uma eventual restauração monárquica! Quanto pode fazer o movimento monárquico para esmagar, na alma de multidão de pessoas, as duas cabeças da hidra revolucionária!
A prudência política ordena-se também a aplicar concreta ou contingentemente a ciência prática da Política. Ora, tanto esta como aquela não podem deixar de fundar-se, para o católico, no lema do Cardeal Pie de Poitiers e de São Pio X: “Instaurare omnia in Christo” (Instaurar tudo em Cristo). Mas cabe à prudência política aplicar este lema à realidade segundo as condições concretas com que depara. Assim, antes da crise do sistema liberal-partidário brasileiro, perfeitamente alinhado com o vetor mundial para o Anticristo, aplicar corretamente tal lema implicava antes de tudo insistir nos princípios da política católica, e, quando muito, votar em candidatos menos ruins. Mas surpreendentemente rui, diante de nossos olhos, tal sistema, e ainda surpreendentemente a ideia monárquica e o mesmo movimento monarquista (católico!) vão conquistando crescente simpatia. Pois bem, sem acalentar ilusões que neguem a marcha final da história segundo as mesmas Escrituras,* o fato é que nenhum curso histórico é linear, senão que sempre consta de idas e vindas não raro inesperadas; além de que uma coisa é o desenho profético de dada sucessão de acontecimentos – e as profecias são como uma vista aérea de determinado terreno e seus acidentes geográficos –, outra o percurso que se faz nesse mesmo terreno, percurso que, pela própria natureza das coisas, não pode deixar de topar com surpresas e eventos súbitos. Pois bem, algo assim é o que se nos depara hoje no Brasil. Que sejamos capazes de arrostá-lo, sem ilusões, sim, mas de modo decidido. Será uma maneira contingente e atual, no meio dos escombros de um mundo deicida e suicida, e ainda que dentro das limitações que se nos impõem, de ajudar a instaurar tudo em Cristo. Se só algo se instaurar em Cristo com o movimento monarquista ou com uma eventual restauração monárquica, já será muito. Se nem algo assim se fizer, teremos travado um bom e justo combate.
Observação 1. Aos que insistem em que esta postura é uma denegação dos princípios da política católica, faça-se-lhes a seguinte pergunta: se lhes tivesse sido dado derrotar a revolução francesa mediante a restauração da monarquia absolutista, teriam deixado de apoiar (ainda que com reservas) esta contra aquela?
Observação 2. A questão da ordenação essencial do estado à Igreja é de infalibilidade ao modo ordinário, não extraordinário, e por isso, pelas razões já assinaladas na série Da Necessidade de Resistir ao Magistério Conciliar, pode gerar dúvidas, sem que os que se equivoquem quanto a ela sejam necessariamente hereges. Com efeito, também quanto a isto falta uma declaração extraordinária. E o que se acaba de dizer é plenamente corroborado pelo fato de que ninguém menos que o Cardeal Billot e o Cardeal Ottaviani, antiliberais convictos e militantes, tampouco tinham clara a necessidade da ordenação essencial do estado à Igreja (vide P. Álvaro Calderón, El Reino de Dios en el Concilio Vaticano II).
* A saber: apostasia geral das nações → a abominação da desolação instalada no lugar santo → advento e império breve do Anticristo → conversão dos judeus → restauração cristã [o triunfo do Sagrado Coração] no mundo → dentro de tempo mais ou menos breve, a Parusia ou segunda e definitiva vinda de Cristo, com a conformação de novos céus e de nova terra. Vide, no livro Estudos Tomistas – Opúsculos (Edições Santo Tomás, por lançar-se brevemente), a questão disputada Se Se Deve Rezar pela Salvação do Mundo, em cujo último artigo se trata justamente este assunto. Esta questão já apareceu nesta página, mas foi profundamente alterada para o livro.